Ouça: Detonautas - Você me faz tão bem
Eu gosto muito das tirinhas e do desenho do Charlie Brown. Fiquei vendo no YouTube outro dia, e lembrei de muitas coisas. Por isso resolvi escrever esse texto.
De todas as criações de Charles M. Schulz, nenhuma me foi tão marcante quanto a garotinha ruiva, maior símbolo de todos os amores platônicos e nunca concretizados.
Pobre Charlie Brown. Todos nós sentimos compaixão por ele, porque ele simboliza todas as nossas frustrações, inseguranças e fracassos na vida. O que dizer de alguém que não recebeu um cartão sequer no Dia dos Namorados, jamais conseguiu fazer voar uma pipa porque todas enganchavam em alguma árvore, nunca ganhou um jogo de beisebol e, principalmente, jamais teve coragem de confessar seu amor para a garotinha ruiva?
Em uma das tirinhas, Charlie Brown pergunta: "mas o amor não existe para fazer a gente feliz?" Nem sempre. Que o digam as angústias caladas, os sentimentos represados,secretos, e as inseguranças que atormentam uma pessoa apaixonada. Aliás, todos personagens de Schulz sofrem com amores não-correspondidos. Sally ama Linus que ama sua professora; Lucy ama Schroeder que ama Beethoven; Patty Pimentinha ama Charlie Brown que ama a garotinha ruiva.
Acho que todos nós já tivemos um momento Charlie Brown em algum instante de nossas vidas. Todos nós temos (ou tivemos) a nossa "garotinha ruiva". Alguém que amou só pedindo em troca o prazer da existência do outro. Aquela pessoa que parece completar perfeitamente o vazio que existe dentro de nós.
Fiquei pensando. Nós também podemos ser o “garotinho ruivo” da pessoa, mas não percebemos, ou não acreditamos. É difícil descobrir o quanto de sentimento existe escondido em uma investida, numa amizade ou em um olhar constante.
Quem sabe um dia, Charile possa ser feliz com sua garotinha ruiva...
(texto de Thiago Martinelli)
Deixa eu ser sua garotinha ruiva? .-.